Maria, Hermenegildo e Sergio Pereira: pais e filho ligados aos movimentos sociais no campo |
Abraçado pelos pais, Maria e Hermenegildo, por velhos amigos e colegas da Escola Municipal Rural de Ensino Integral Monte Azul, o professor, poeta e músico Sergio Pereira lançou o livro “Aroeira Verde – causos da roça e contos pantaneiros”, na noite deste 10 de julho, e durante o Sarau Literário despediu-se temporariamente da comunidade escolar do Assentamento Taquaral. A partir de agosto ele inicia novos desafios no Doutorado em Educação pela Universidade da Grande Dourados (UFGD).
No Sarau Literário, Sergio
Pereira apresentou as músicas do EP do projeto Pantanal Vive, trabalho
(disponível no Youtube) que busca trazer elementos da cultura camponesa e
denuncia a devastação do Pantanal.
O livro Aroeira Verde reúne três
contos e poesias pantaneiras, que servem de tema para uma de suas vertentes, a
contação de histórias. A mãe dele, Maria, que foi diretora da Monte Azul por
sete anos e pioneira na formação da escola no Assentamento Taquaral, quando as
salas de aula ainda eram de pau a pique cobertas de palha de bacuri, acredita
que Sergio jamais perderá os vínculos com a comunidade da Monte Azul. “Não
podemos perder nossos vínculos com o campo, a comunidade só perde com isso”,
diz.
Maria da Silva Pereira construiu
a Sala de Artes que hoje é ocupada por Sergio nas atividades com seus alunos e
acabou se tornando um ponto de resistência a todas as tentativas de urbanizarem
a escola e retirarem suas raízes do campo.
Em 2018, após se formar no
Mestrado em Música pela Udesc de Florianópolis, Sergio ingressou como professor
de Arte na Escola Municipal do Ensino Integral Luiz Feitosa Rodrigues. Sua
atuação nessa escola, no entorno da comunidade Quilombola Família Ozório e da
ex-favela Sarobá, formada por ex-escravizados negros de Corumbá, foi essencial
para desenvolver sua arte literária como contista.
Assim vão surgindo os roteiros de
histórias como a da Bruxa do Paiaguás; Mãozão e o Zé Tuca; Gumercindo e a
Botija de Ouro, contos e fábulas que compõem com leveza poética a temática do
livro Aroeira Verde. O livro é resultado de toda reconstrução do fazer
artístico, político e social do professor, com uma vida pautada pela luta e a
resistência.
Trata-se da trajetória de um sem-terra
que veio com a família de Dourados para se estabelecer em um lote da ex-fazenda
Taquaral dentro do programa da reforma agrária em Corumbá. Mas antes de se
fixar na terra a família de Sergio ficou acampada durante dois anos.
Em 2021 o professor retoma suas
atividades na Escola Monte Azul, onde já desenvolvia o projeto Música ao Campo.
A Sala de Arte ainda é a mesma, com todos os componentes artísticos acessíveis
ao aprendizado e criatividade dos alunos.
Professores Wanderson Ligier e Sergio Pereira: unidos pela música e educação |
Ex-aluna da Monte Azul e hoje pedagoga no Cras Albuquerque, Ivonete Guaragni atravessou a cidade para comparecer ao Sarau Literário e adquirir um exemplar de Aroeira Verde. Para ela, Sergio é um exemplo de resistência na escola do campo e graças a ele sobrevive o sarau e o interesse pela literatura. “Só falta um maior envolvimento da comunidade escolar, mas isso vem com tempo e persistência”, comentou a pedagoga. Como ela, outros ex-colegas e alunos foram abraçar o professor na despedida que a maioria espera ser apenas um até logo.
Serviço – Aroeira Verde –
causos da roça e contos pantaneiros (Maria Preta Cartonera, 2022, 106
páginas). O livro estará à venda a R$ 40 neste dia 13 de julho a partir das 9h
no Museu de História do Pantanal (Muhpan), no Porto Geral, durante a Contação de
Histórias por Sergio Pereira. Reservas diretamente com o autor.
Simted Corumbá/Assessoria de
Imprensa
Sarau Literário teve músicas autorais e contação de histórias |
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