segunda-feira, 11 de dezembro de 2023

EFAAP defende autonomia e identidade do campo e conta com parceria da UFGD

Aprovada em setembro, a Associação Mantenedora da EFAAP (Escola Família Agrícola Agroecológica do Pantanal), agora deve ganhar um estatuto e ser regulamentada, passo importantíssimo para consolidação de todas as ações provocadas pelos movimentos sociais, comunidades e universidades que movem o projeto de implantação da escola de Ensino Médio em Corumbá, que conta com apoio e parceria do Simted Corumbá.

Este foi um dos temas discutidos durante os encontros de quarta a sexta-feira (de 6 a 8 de dezembro), entre trabalhadoras e trabalhadores dos assentamentos de Corumbá e Ladário, professores e alunos dos cursos de Educação no Campo da Universidade Federal da Grande Dourados (UFGD). Os encontros foram realizados no auditório da unidade 1 do Campus Pantanal da UFMS, e nos assentamentos Taquaral e Paiolzinho de Corumbá.

Dentro da proposta de parceria UFGD-EFAAP, participaram os professores e coordenadores do Curso de Licenciatura e Pós-graduação em Educação do Campo e Engenharia Egroecológica da UFGD, Edir Neves Barbosa e Walter Marschner. Também integraram as reuniões representantes do MST, Pastoral da Terra, Associação dos Agricultores Familiares do Assentamento São Gabriel, Agraer, Sindicato Rural, UFMS (NEAP), Secretaria Municipal de Desenvolvimento Econômico Sustentável e Secretaria Municipal de Educação (Semed).

APOIO DO SIMTED

O Simted Corumbá apoia o projeto da Escola Família Agrícola Agroecológica do Pantanal desde as primeiras reuniões e a realização em 29 de abril do 1º Seminário de Desenvolvimento Sustentável das Comunidades Tradicionais e Assentamentos de Corumbá e Ladário, que serviu de base para o lançamento da proposta da escola de Ensino Médio no campo, juntamente com outras demandas urgentes dos camponeses, que pedem a extinção do Lixão municipal (e a instalação de aterro sanitário), abastecimento de água potável (a água dos poços é salobra) e construção de laticínio (para beneficiamento e regulamentação de produtos). 

Para além de um sonho de décadas, a criação da EFAAP é uma ação de resistência e luta pela preservação da identidade, dos valores e princípios da Agricultura Familiar, que carrega conceitos completamente opostos ao adotado pela dinâmica capitalista do agronegócio e seus tentáculos que tanto degradam o meio ambiente e depõem contra a sustentabilidade.

A Associação Mantenedora será responsável por definir o projeto de estruturação, implantação e plano curricular da escola, com base em experiências e pesquisa em outros centros do país que adotam a mesma mentalidade de escola agrícola. Será uma gestão autônoma, mesmo que os recursos para construção da sede venham de emendas parlamentares e para a contratação de professores saiam do Fundeb e outras fontes estaduais e federais.

O objetivo desta escola é dar oportunidade para os concluintes do Ensino fundamental prosseguirem seus estudos de Ensino Médio na própria comunidade em que vivem, seguindo seus princípios, sem serem forçados a buscar vagas em escolas de centros urbanos, como vem ocorrendo, o que faz com que esses estudantes se distanciem da vez mais dos valores da vida no campo. A ECAAP surge para reforçar e ampliar a identidade campesina do estudante e futuro agricultor.

Cria, além disso, novas oportunidades de convivência e profissionais, porque além da formação educacional vai oferecer a formação técnica do campo, ações de arte e cultura por meio de parcerias com universidades e cursos de extensão. Prevê um estudo multidisciplinar.

POLO DE ESPECIALIZAÇÃO

Outro ponto ressaltado durante os encontros foi o relançamento do PRONERA (Programa Nacional de Educação na Reforma Agrária), que havia sido suspenso na gestão de governo passada, e agora pode disponibilizar recursos para as várias frentes da Educação no campo. No dia 5 de dezembro os docentes da UFGD estiveram em Campo Grande na sede da Incra para apresentar propostas fortalecidas pelo retorno do PRONERA. Entre estas propostas estão:

1 - Criação de Cursos de Especialização (lato sensu) para professoras/es das escolas do campo e das águas.

2 – Abertura de Cursos de Graduação em Engenharia Agroecológica com foco na Gestão Territorial.

3 – Fundação e estruturação da EFAAP - Escola Família Agrícola Agroecológica do Pantanal, com a disponibilidade de bolsas para a primeira turma de estudantes (estimativa de 60 vagas no primeiro ano do Ensino Médio).

“A gente não se forma para nós mesmos, a gente se forma para o coletivo”, destacou o professor Walter Marschner, coordenador do curso de Engenharia Agroecológica da UFGD.

Simted Corumbá/Assessoria de Imprensa






MAIS VISTAS