Aprovada em setembro, a Associação
Mantenedora da EFAAP (Escola Família Agrícola Agroecológica do Pantanal), agora
deve ganhar um estatuto e ser regulamentada, passo importantíssimo para
consolidação de todas as ações provocadas pelos movimentos sociais, comunidades
e universidades que movem o projeto de implantação da escola de Ensino Médio em
Corumbá, que conta com apoio e parceria do Simted Corumbá.
Este foi um dos temas
discutidos durante os encontros de quarta a sexta-feira (de 6 a 8 de dezembro),
entre trabalhadoras e trabalhadores dos assentamentos de Corumbá e Ladário,
professores e alunos dos cursos de Educação no Campo da Universidade Federal da
Grande Dourados (UFGD). Os encontros foram realizados no auditório da unidade 1
do Campus Pantanal da UFMS, e nos assentamentos Taquaral e Paiolzinho de
Corumbá.
Dentro da proposta de parceria
UFGD-EFAAP, participaram os professores e coordenadores do Curso de
Licenciatura e Pós-graduação em Educação do Campo e Engenharia Egroecológica da
UFGD, Edir Neves Barbosa e Walter Marschner. Também integraram as reuniões
representantes do MST, Pastoral da Terra, Associação dos Agricultores
Familiares do Assentamento São Gabriel, Agraer, Sindicato Rural, UFMS (NEAP),
Secretaria Municipal de Desenvolvimento Econômico Sustentável e Secretaria
Municipal de Educação (Semed).
APOIO DO SIMTED
O Simted Corumbá apoia o
projeto da Escola Família Agrícola Agroecológica do Pantanal desde as primeiras
reuniões e a realização em 29 de abril do 1º Seminário de Desenvolvimento
Sustentável das Comunidades Tradicionais e Assentamentos de Corumbá e Ladário,
que serviu de base para o lançamento da proposta da escola de Ensino Médio no
campo, juntamente com outras demandas urgentes dos camponeses, que pedem a
extinção do Lixão municipal (e a instalação de aterro sanitário), abastecimento
de água potável (a água dos poços é salobra) e construção de laticínio (para
beneficiamento e regulamentação de produtos).
Para além de um sonho de
décadas, a criação da EFAAP é uma ação de resistência e luta pela preservação
da identidade, dos valores e princípios da Agricultura Familiar, que carrega
conceitos completamente opostos ao adotado pela dinâmica capitalista do
agronegócio e seus tentáculos que tanto degradam o meio ambiente e depõem
contra a sustentabilidade.
A Associação Mantenedora será
responsável por definir o projeto de estruturação, implantação e plano
curricular da escola, com base em experiências e pesquisa em outros centros do
país que adotam a mesma mentalidade de escola agrícola. Será uma gestão
autônoma, mesmo que os recursos para construção da sede venham de emendas
parlamentares e para a contratação de professores saiam do Fundeb e outras
fontes estaduais e federais.
O objetivo desta escola é dar
oportunidade para os concluintes do Ensino fundamental prosseguirem seus
estudos de Ensino Médio na própria comunidade em que vivem, seguindo seus
princípios, sem serem forçados a buscar vagas em escolas de centros urbanos,
como vem ocorrendo, o que faz com que esses estudantes se distanciem da vez
mais dos valores da vida no campo. A ECAAP surge para reforçar e ampliar a
identidade campesina do estudante e futuro agricultor.
Cria, além disso, novas
oportunidades de convivência e profissionais, porque além da formação
educacional vai oferecer a formação técnica do campo, ações de arte e cultura
por meio de parcerias com universidades e cursos de extensão. Prevê um estudo
multidisciplinar.
POLO DE ESPECIALIZAÇÃO
Outro ponto ressaltado durante
os encontros foi o relançamento do PRONERA (Programa Nacional de Educação na
Reforma Agrária), que havia sido suspenso na gestão de governo passada, e agora
pode disponibilizar recursos para as várias frentes da Educação no campo. No
dia 5 de dezembro os docentes da UFGD estiveram em Campo Grande na sede da
Incra para apresentar propostas fortalecidas pelo retorno do PRONERA. Entre
estas propostas estão:
1 - Criação de Cursos de Especialização
(lato sensu) para professoras/es das escolas do campo e das águas.
2 – Abertura de Cursos de Graduação
em Engenharia Agroecológica com foco na Gestão Territorial.
3 – Fundação e estruturação da
EFAAP - Escola Família Agrícola Agroecológica do Pantanal, com a
disponibilidade de bolsas para a primeira turma de estudantes (estimativa de 60
vagas no primeiro ano do Ensino Médio).
“A gente não se forma para nós
mesmos, a gente se forma para o coletivo”, destacou o professor Walter
Marschner, coordenador do curso de Engenharia Agroecológica da UFGD.
Simted Corumbá/Assessoria de
Imprensa