sexta-feira, 14 de abril de 2023

Violência nas escolas é reflexo da violência na sociedade



A violência na escola é um reflexo da violência na sociedade. Propomos refletir e analisar a violência em uma perspectiva multifacetada – uma violência sistemática que inclui como causa fatores sociais, econômicos, políticos e culturais.
O cenário de desigualdade social, onde predomina a filosofia política neoliberal, que prega o individualismo e a competição desenfreada e que se insere nas práticas pedagógicas atuais, associado ao sucateamento da Educação Pública contribuem para a marginalização de grupos sociais. Além disso, a falta de investimentos em educação, a precariedade das estruturas escolares e a carência de oportunidades para formação do sujeito na sociedade também agravam o problema.
Os valores da filosofia neoliberal e capitalista se correlacionam com os valores da ideologia do nazifascismo em momentos da História em que essas correntes políticas e econômicas entram em crise estrutural fomentando, assim, a cultura do ódio presente na atualidade. A retórica violenta e intolerante que permeia essa ideologia pode influenciar jovens e adolescentes, que muitas vezes são vulneráveis a influências externas, a adotarem comportamentos agressivos e discriminatórios. Além disso, a ascensão de valores conservadores, historicamente presentes em sociedades como a nossa, com forte influência de dogmas religiosos, catalisam de forma determinante a postura discriminatória (racista, homofóbica, misógina, xenofóbica).
Diante desse cenário, muitas pessoas têm proposto medidas para aumentar a segurança nas escolas, como a militarização do ambiente escolar. Essa abordagem consiste em colocar policiais militares ou seguranças armados dentro das escolas, com o objetivo de prevenir a violência e garantir a ordem. No entanto, há riscos associados a essa estratégia.
Em primeiro lugar, a militarização pode criar um clima de medo e intimidação entre os estudantes, que podem se sentir ameaçados pela presença de policiais armados. Isso pode prejudicar o clima escolar e afetar o bem-estar emocional dos alunos. Além disso, a militarização pode reforçar estereótipos negativos sobre a polícia e a violência, contribuindo para a formação de uma cultura de violência na sociedade.
Outro problema relacionado à militarização é que ela pode desviar recursos e esforços que poderiam ser melhor investido em outras áreas da educação, como a formação de professores, o desenvolvimento de metodologias pedagógicas mais eficazes e a melhoria das condições de infraestrutura e de trabalho aos profissionais da educação. Além disso, a militarização pode criar uma falsa sensação de segurança, que pode levar a negligenciar outras questões importantes, como a prevenção do bullying, a promoção da igualdade de gênero e a garantia dos direitos humanos dos estudantes.
Em síntese, o aumento da violência nas escolas nos últimos 20 anos é um fenômeno preocupante que exige ações efetivas e responsáveis para garantir um ambiente escolar seguro e saudável para todos. O espaço escolar deve ser retomado como um local de proteção aos direitos da infância e adolescência, e com essa finalidade é imperativa a implementação, nas próprias escolas, de projetos de intervenção que focalizem as relações sociais entre adolescentes e a formação dos professores e equipe diretiva para ação efetiva na prevenção de possíveis casos de violência escolar.
Simted Corumbá/Assessoria de Imprensa (Charge: Latuff)

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